Dirigentes da CUT ressaltam que se não fosse o SUS o cenário de mortes seria ainda pior e que o fortalecimento do sistema público de saúde é urgente
Osvaldo Dias ficou assustado quando viu o boleto do plano de saúde neste mês de janeiro. O bancário vai ter que dobrar o orçamento para a saúde familiar, já que pagava um pouco mais de R$ 1.220,00 para duas vidas, a dele e a do filho. Agora terá que arcar com quase o dobro: R$ 2.035,00. Preocupado com a pandemia do novo coronavírus (Covid 19), ele diz que “não dá para bobear”.
O bancário é um dos 28,5% dos residentes do país que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) possui algum plano de saúde médico ou odontológico, e que provavelmente recebeu a mesma cartinha de justificativa: “ Recomposição do reajuste 2020 de Contrato de Plano de Assistência à Saúde Coletivo Empresarial – PME”.
Os motivos alegados são o aumento feito pelas empresas no valor da mensalidade e as parcelas retroativas do reajuste que deveriam ter sido aplicados no ano passado, e que por causa da pandemia não foi atualizado.
Os planos de saúde tiveram um reajuste de mais de 30%, somando o aumento da mensalidade com o da faixa etária. E nem por isso tem garantia de atendimento. Em Manaus, por exemplo, os hospitais particulares estão com 100% de lotação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e os pacientes estão sendo transferidos para os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).
A secretária da Saúde do Trabalhador na CUT, Madalena Margarida da Silva, diz que no Brasil os planos de saúde atuam de forma complementar ao SUS, e a todo tempo seus usuários reclamam da falta de atendimento em suas necessidades pela falta de cobertura e acabam entrando com ações na Justiça para garantir seus direitos. O mesmo não acontece no SUS, que de imediato, já garante universalidade e gratuidade.
“Para os planos de saúde, o serviço prestado é uma mercadoria, usa quem paga. Já o SUS, não, o serviço é gratuito e integral e deve atender todas as necessidades e demandas de atenção à saúde da população. Imagine que com o aumento nos valores dos planos de saúde muitas pessoas não terão como pagar e saíram, somando-se a já existente demanda do SUS por atendimentos e procedimentos de saúde”, afirma.
Segundo ela, o que está acontecendo em Manaus deixa evidente essa questão, pois sem leitos no serviço privado, a pressão sobre o serviço público aumenta.
“O SUS não pode negar o atendimento tendo disponibilidade de vagas, até porque para o SUS o direito humano à vida é a prioridade. No entanto, é necessário que os custo dos pacientes do serviço privados e cuidados no sistema público sejam reembolsados pelo planos, afinal é para isso que os planos são pagos pelos seus usuários”, ressalta Madalena.
Fortalecimento do SUS
A dirigente destaca a importância de defender e fortalecer o sistema de saúde público brasileiro.
“O SUS deve ser defendido e fortalecido em todas as suas dimensões de atenção à saúde da população envolvendo desde a atenção básica, serviços de consultas especializadas e de alta complexidade com serviços de UTI e transplante por exemplo”, afirma.
A secretária-geral da CUT, Carmen Foro, em um artigo publicado no site da CUT, disse que o caminho é a resistência em defesa de mais financiamentos ao SUS e uma gestão que cumpra a sua finalidade, que é garantir o acesso à saúde pública, como direito de todos e dever do Estado.
Ela também destaca a importância de dar voz à campanha da Central Única dos Trabalhadores (CUT), “Defender o SUS é Defender a Vida”, lançada no dia 7 de abril de 2020 – Dia Mundial da Saúde para que os trabalhadores do setor sejam valorizados, do pessoal da limpeza ao médico, e tenham condições dignas de trabalho.
“Só nos cabe a luta pelo fortalecimento do SUS que promove campanhas reconhecidamente exitosas de vacinação, de acesso a diversos profissionais de saúde, consultas, exames e distribuição gratuita de medicamentos. E assim deve ser com a realização urgente de uma campanha nacional eficaz e gratuita contra a Covid-19, que segue levando milhares de vidas e com aumento de contágio”, diz trecho do texto.
O SUS não é plano de saúde
O SUS não é um plano de saúde para pobre como se ouve falar, mas sim, um sistema público de saúde um dos maiores do mundo que mesmo com todos ataques que vem sofrendo, tem sido fundamental para promover e proteger a saúde das pessoas e salvar vidas.
Os serviços prestados pelo SUS à população vão além dos leitos de UTI, envolvem ações diversas e englobam, por exemplo, o controle de qualidade da água potável que chega à sua casa, a fiscalização de alimentos pela da Vigilância Sanitária nos supermercados, lanchonetes, bares e restaurantes que utilizamos diariamente, no funcionamento dos aeroportos e rodoviárias, nas regras de vendas de medicamentos genéricos, nas campanhas de vacinação, de doação de sangue ou leite materno que acontecem durante todo o ano.
Muitos procedimentos médicos de média e alta complexidade, também são feitos pelo SUS, quimioterapia e transplante de órgãos, entre outros.
FONTE: CUT
FOTO: GOVERNO DA BAHIA