Pesquisa foi realizada pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, com 2,1 milhões de pessoas nos Estados Unidos, e publicada na revista Science
Uma pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, nos Estados Unidos, concluiu que familiares de alunos que estão frequentando aulas presenciais em período integral têm de 30% a 47% mais chance de pegar covid-19 em relação a parentes de estudantes que estão em ensino remoto. Para estudantes em horário parcial há uma redução do risco, mas ainda assim a chance de um parente que vive com a criança se contaminar é 21% maior do que para estudantes que estão em ensino à distância.
“Mesmo que a transmissão nas salas de aula seja rara, as atividades relacionadas à escola presencial, como a retirada e a entrega do aluno, as interações do professor e mudanças mais amplas no comportamento durante o período escolar podem levar a aumentos na transmissão na comunidade”, alertam os pesquisadores.
Para realizar a pesquisa, foram entrevistadas 2,1 milhões de famílias, das quais 26,9% relataram pelo menos uma criança na escola, em todos os estados americanos, por meio do Facebook, em parceria com a Carnegie Mellon University. Os dados foram levantados em dois períodos: de 24 de novembro a 23 de dezembro de 2020 e 11 de janeiro a 10 de fevereiro de 2021, entre estudantes da pré-escola ao ensino médio.
Medidas de proteção
Os pesquisadores identificaram que medidas de proteção aplicadas rigorosamente contribuem para a redução dos riscos de contaminação pela covid-19 nos familiares dos estudantes. No entanto, não basta aplicar algumas medidas, mas todas elas em conjunto. “Uma associação positiva entre a escolaridade presencial e os resultados da covid-19 persiste em níveis baixos de proteção, mas quando sete ou mais medidas de segurança são relatadas, uma relação significativa não é mais observada”, dizem.
De acordo com os pesquisadores, as principais medidas de proteção que aumentariam a segurança são: Uso de máscaras por estudantes e professores; entrada na escola restrita aos estudantes e trabalhadores da educação; distanciamento entre as carteiras; proibição do compartilhamento de materiais; aulas com turmas reduzidas; manutenção do mesmo grupo de alunos; triagem diária de sintomas.
Risco maior
No entanto, os pesquisadores não estimaram outras condições, como ventilação das salas e o nível de controle da pandemia na comunidade em que as escolas estão inseridas. O protocolo do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos considera que a volta às aulas presenciais representa alto risco de transmissão e surtos quando o número de novos casos diários for maior que 100 por 100 mil habitantes. No estado de São Paulo, por exemplo, a taxa de novos casos hoje (3) é de 394 por 100 mil habitantes.
Embora a pesquisa tenha se concentrado na relação entre aulas presenciais e casos de covid-19 em estudantes, os pesquisadores apontam que os professores e outros trabalhadores da educação que precisam sair de casa para trabalhar têm um risco 80% maior de serem contaminados pelo novo coronavírus do que professores que estão no home office. O risco para os profissionais do ensino é maior do que o encontrado para trabalhadores da saúde (70%) e de escritórios (60%).
FONTE: REDE BRASIL ATUAL
FOTO: Rovana Rosa/ABr