Internações de crianças com covid-19 crescem após a volta às aulas

18/02/21 | Lutas no Brasil

Três hospitais públicos registraram aumento significativo de internações de crianças com covid-19. Outros países também observaram aumento de casos

Os hospitais infantis Cândido Fontoura, Darcy Vargas e Menino Jesus, todos na capital paulista, registraram aumento significativo de internações de crianças com covid-19, logo em seguida à volta às aulas na rede particular de São Paulo. Na comparação entre os dias 2 e 9 de fevereiro, o Darcy Vargas teve aumento de 4 para 8 internações de crianças com covid-19. No Cândido Fontoura, o aumento foi de 7 para 12 internações. E no Menino Jesus, de 7 para 9. Ainda que seja baixo em comparação com o número de internações de adultos, é o maior número para crianças desde dezembro.

Outros hospitais infantis, como o Sabará, também registraram aumento de internações por quadros respiratórios, ainda não associados a casos de covid-19. Na região metropolitana de São Paulo e no interior do estado há um quadro geral de aumento da procura de atendimento de saúde para crianças na primeira quinzena de fevereiro.

“Esse pico coincide com uma semana depois do início das aulas na rede particular, que voltou dia 1° de fevereiro”, explicou o professor Wallace Casaca, coordenador do Infotracker, sistema de monitoramento da pandemia de covid-19 em São Paulo, elaborado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pela Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Na semana passada, quatro colégios particulares tiveram de suspender parte das aulas após registrar casos de covid-19 entre professores e estudantes. No Colégio Jaime Kratz, em Campinas, houve um surto. Foram registrados 42 casos de covid-19, sendo 37 funcionários e cinco estudantes. A escola só deve reabrir na quinta-feira (18).

Na Escola Móbile, na zona sul da capital paulista, foram confirmados casos de covid-19 de uma professora e um estudante. No Colégio Santa Cruz, na zona oeste da cidade, foram registrados dois casos de covid-19 após a volta às aulas: um trabalhador e um estudante. A escola suspendeu as aulas da turma do 9º ano que o estudante frequenta por dez dias. O Colégio São Luís, também na zona sul, afastou três turmas das aulas presenciais depois de registrar após a detecção de casos de covid-19. Os estudantes só devem voltar após a semana do carnaval. Todos os colégios alegam que a contaminação não se deu na escola.

Na rede pública, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) contabiliza 329 casos de covid-19, entre professores e outros trabalhadores da educação estadual, ocorrido em 186 escolas de São Paulo. Os dados mostram uma disparada da pandemia nas escolas, já que em 8 de fevereiro haviam sido detectados 209 casos em 96 unidades. Ao menos sete funcionários morreram em decorrência da doença em escolas de São Paulo, São José do Rio Preto, Leme, Praia Grande e Guapiara.

Casos graves de covid-19 em crianças

No Reino Unido, houve um grave aumento das internações de crianças com suspeita de uma rara síndrome inflamatória associada à covid-19. No ano passado, eram registradas cerca de 20 internações por semana. Neste ano o número chegou a até cem internações no mesmo período. A síndrome também foi registrada no Brasil, mas em menor número. As informações são do jornal britânico The Guardian.

A chamada síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) já havia sido registrada em crianças em meio à primeira onda da pandemia de covid-19. Os sintomas incluem febre prolongada superior a 38 graus, dor de estômago, diarreia, uma erupção cutânea vermelha generalizada e inchaço dos dedos das mãos e dos pés. Apesar da preocupação pelo aumento das internações de crianças, ela é proporcional ao crescimento dos casos gerais da atual fase da pandemia.

Estudos britânicos indicam que crianças negras e asiáticas são mais propensas a desenvolver a SIM-P. Dos casos registrados até janeiro deste ano, 75% pertenciam a essas duas etnias – 47% negros, 28% asiáticos. A síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica surge semanas após as crianças se curarem da covid-19. Mesmo casos assintomáticos podem depois manifestar a síndrome. Se detectada rapidamente, não costuma evoluir com gravidade, mas sempre demanda atendimento médico.

FONTE: CUT
FOTO: MARCIO JAMES / SEMCOM

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