Pedido pela prorrogação do auxílio emergencial e truculência policial também marcaram atos que ocorreram em todo país
Manifestantes saíram às ruas novamente neste domingo (31) para reforçar o coro pelo pedido de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). A exemplo da primeira edição dos atos, os protestos foram realizados por meio de carreatas e bicicletaços, de modo a respeitar as medidas sanitárias contra a propagação do coronavírus, que já matou mais de 220 mil pessoas no Brasil.
Segundo a Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, que integram a organização, cerca de 26 cidades em todo o país realizaram mobilizações ao longo do dia, sendo 17 capitais: Belém, Porto Velho, Maceió, Salvador, Fortaleza, São Luís, João Pessoa, Teresina, Natal, Aracaju, Campo Grande, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
O descaso frente aos impactos da pandemia e o atraso na apresentação de um plano nacional de vacinação foram as denúncias mais destacadas nas manifestações. Cartazes pedindo vacina para todos e o fim do governo Bolsonaro marcaram a carreata de Fortaleza (CE), que teve início por volta das 13h.
Na Bahia, as manifestações em Salvador e Feira de Santana começaram por volta das 14h e levaram às ruas gritos de “Fora Bolsonaro” e “Vacina Já”.
Em Curitiba (PR), mais de mil carros estiveram nas ruas da cidade a partir das 16h, e também reivindicavam o início de um plano de vacinação em massa.
Além da carreata e buzinaço pedindo o impeachment do presidente, em Brasília (DF), um grupo realizou uma performance artística na Praça dos Três Poderes. Com jalecos e sacos de plásticos cobrindo as cabeças, a apresentação fez referências às vítimas de covid-19 que faleceram em Manaus (AM), devido à falta de oxigênio nos hospitais públicos.
Em São Paulo (SP), a concentração aconteceu no Estádio do Pacaembu e reuniu milhares de carros e bicicletas que percorreram as ruas da cidade ao longo da tarde.
O final da manifestação ocorreu no vão do Museu de São Paulo (Masp), onde manifestantes afirmam que foram abordados de forma violenta pela polícia.
“A polícia foi extremamente arbitrária, revistou todo mundo desde o metrô de uma forma bem agressiva. Abriu minha câmera, tirou a lente da minha câmera, abriu meu cigarro. Foi bem assustador porque estava todo mundo subindo tranquilo para a manifestação”, relata Pamela Santos, fotógrafa, que participou da manifestação.
Ela conta também que, apesar de pacífico, o ato foi alvo de ataques de apoiadores do governo Bolsonaro, que jogaram ovos contra os manifestantes.
“A manifestação estava tranquila, mas aí teve uma chuva de ovos. Uma mana preta se machucou. Foi muito complicado, bem pesado”, conta Santos.
Após essa situação, o ato se dispersou por volta das 17h. Questionada sobre as abordagens realizadas na manifestação, a Polícia Militar, por meio da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado de SP, não informou o motivo do uso excessivo de truculência e destacou somente que na ocasião um suspeito foi encaminhado ao 78° DP por portar mochila contendo materiais como machado e um soco inglês.
Os protestos deste domingo (31) contaram também com reforço internacional, com a realização da 4ª edição do Stop Bolsonaro Mundial, com a participação de mais de 20 países, de acordo com o movimento. A ação denuncia o genocídio causado pela negação e descaso sanitário do governo federal frente à pandemia. Também foram lembrados os crimes ambientais praticados em série pelo governo brasileiro, como a devastação dos biomas Amazônia e Pantanal.
O Brasil de Fato acompanhou as manifestações no Brasil e no mundo.
FONTE: BRASIL DE FATO
FOTO: Ricardo Stuckert