Nesta quarta, o país registrou 1.266 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 199.043 óbitos desde o começo da pandemia
Quase dez meses depois de registrar o primeiro caso de Covid-19, o Brasil chega, nesta quinta-feira (7), a triste marca de 200 mil vidas perdidas pela pandemia do novo coronavírus. O país está sem rumo e sem vacina.
A maior crise sanitária dos últimos 100 anos foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020 e somente no dia 25 do mesmo mês o Brasil registrou o primeiro caso da doença.
De lá para cá, foram muitas batalhas que o país enfrentou na condução da crise e ainda tendo que lidar com o negacionismo do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL). Dois ministros da saúde caíram, o governo negou a crise, a ciência, brigou com governadores que decretaram medidas para conter o avanço da pandemia e, ainda, está patinando na compra de insumos para a vacinação da população.
Enquanto em mais de 50 países do mundo já começaram a imunização contra a doença, até os vizinhos da América Latina, o Brasil não tem data para começar e ainda nesta quarta-feira (6), Bolsonaro suspendeu a compra de seringas, dizendo que está esperando os preços baixarem.
Sob o comando do general Eduardo Pazuello, que assumiu o Ministério da Saúde após demissão do segundo ministro da Pasta, Nelson Teich, o país ficou mais de três meses sem especialistas na área da saúde liderando o combate a pandemia. O resultado foi a explosão tanto no número de casos como o de óbitos.
Outra polêmica envolvendo o governo nesses meses foi a falta de transparência do Ministério da Saúde com a inconsistência nos dados divulgados, que foi visto como prévia de censura por outros órgãos de saúde, especialistas e pela imprensa.
Pazuello, em pronunciamento em rede nacional na noite desta quarta (6), anunciou a edição de uma medida provisória para aquisição de vacinas e insumos para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. A MP estabeleceria a logística para a operacionalização do programa de imunização. A medida também preveria ainda o treinamento de profissionais e a permissão para a contratação de vacinas e insumos antes mesmo do registro sanitário pela Anvisa.
O ex-ministro da Saúde do governo da presidenta Dilma Rousseff, o deputado federal Alexandre Padilha (PT/SP) , criticou o teor do pronunciamento de Eduardo Pazuello.
“Desde do final dos anos 19 70, ministros ocupam a rede nacional para anunciar uma campanha de vacinação. É a primeira vez que o anúncio não tem data, não tem local de vacinação. Nada. Enquanto ministros do mundo mostram números de vacinas aplicadas e pessoas vacinadas, o general que ocupa o ministério de Bolsonaro fala de vacinas pré-contratadas”, afirmou Padilha, à Rede Brasil Atual.
200 mil mortos
Nesta quarta, o país registrou 1.266 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 199.043 óbitos desde o começo da pandemia.
De acordo com o balanço do consórcio de imprensa, é o maior número de mortes registrada em um só dia desde 18 de agosto de 2020. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos sete dias foi de 729. Já os casos confirmados, desde o começo da pandemia, chegam a 7.874.539 . No último dia o número de brasileiros que se contaminaram foi de 62.532.
São Paulo se prepara para vacinação
Mesmo sem esclarecer como será feita a imunização dos paulistanos, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta quarta-feira, que toda a população de São Paulo estará vacinada ainda em 2021.
A expectativa do governador é de que os dados de eficácia da vacina Coronavac sejam divulgados nesta quinta (7). O governo estadual ainda reconheceu a aceleração do contágio e cobrou respeito ao plano estadual de reabertura econômica – desrespeitado por algumas cidades, principalmente no litoral, nas festas de fim de ano.
De acordo com a apuração do UOL, o Centro de Contingência ao Coronavírus ,em São Paulo, organizou um subgrupo para elaborar um novo projeto de contenção da doença no estado. O objetivo dos médicos é endurecer as restrições da quarentena propostas pelo Plano São Paulo que, na avaliação de membros do grupo, “está muito flexível”.
O Centro de Contingência é uma pasta independente, que conta com infectologistas e epidemiologistas, e foi criado pelo governo paulista com o objetivo de sugerir e guiar as ações no controle da pandemia de Covid-19. A nova proposta será encaminhada para análise do governador na semana que vem.
Alguns membros do comitê concordam que o cenário ideal seria seguir a linha dos países europeus que, diante da segunda onda de Covid-19, é estabelecer medidas mais rígidas, como o fechamento total do comércio por determinadas horas do dia, o conhecido “lockdown”.
O estado ultrapassou nesta quarta a marca de 1,5 milhão de casos confirmados da doença desde o início da pandemia. Foram registrados 289 novos óbitos nas últimas 24 horas, elevando o total para 47.511, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. Já o total de casos confirmados da doença subiu para 1.501.085, considerando os 14.534 novos registros nas últimas 24 horas.
Situação nos estados
Amazonas, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia Roraima, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul estão em situação de estabilidade (o que não significa uma condição tranquila).
Os demais estados apresentam queda.
FONTE: CUT
FOTO: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL