Podemos prever como será o novo normal?, por Rogério Maestri

26/10/20 | Lutas no Brasil

Observa-se que poucos se aventuram a fazer e que é de uma necessidade premente, estudar o passado para ter uma ideia do futuro, pois a história é pródiga em epidemias e pandemias. 

por Rogério Maestri

Cientistas sociais, economistas, psiquiatras e mais dezenas de profissionais de várias áreas se interrogam que será o mundo na situação pós-pandemia.

O mais interessante é que o único profissional que teria condições de fazer uma análise mais cientifica, o historiador. é o menos consultado e ouvido, simplesmente porque ele se educou somente para falar do passado, e se auto interdita de falar do futuro.

Os historiadores durante séculos no ocidente e milênios no oriente se auto limitaram a descrição do passado, apesar de toda a evolução de ciência da história eles tem uma resistência de utiliza-la para a previsão do futuro, pois no fundo nunca procuraram estabelecer leis que indicassem o que pode acontecer na sociedade, quando  na presença de novos paradigmas que retiram a sociedade do seu “normal”. Os historiadores marxistas são talvez os únicos que timidamente procuram estabelecer novos padrões de sociedade a partir de leis sociais que não captam as alterações possíveis de além da luta de classes, como que mecanicamente dois lutadores de luta livre seguissem rigorosamente as regras estabelecidas antes do início da contenda. Entretanto qualquer um sabe que numa luta real sabe que se um lutador emprega um golpe inesperadoo resultado da luta se torna inesperado, logo pensar que o passado de uma luta de classes se reproduzirá em parte o que ocorreu em outras situações é simplesmente ignorar esse conceito e achar que o passado seguirá exatamente o que já ocorreu uma vez.

Mas voltando ao assunto o “novo normal” pós pandemia, observa-se que poucos se aventuram a fazer e que é de uma necessidade premente, estudar o passado para ter uma ideia do futuro, pois a história é pródiga em epidemias e pandemias.

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A última grande pandemia que fomos assolados foi a gripe espanhola. Essa pandemia nos dá uma ideia de que podemos prever para o futuro, essa gripe que matou entre 17 a 50 milhões de pessoas, se projetada para a atual população da Terra, teria um número de mortes que variariam entre 70 a 200 milhões de pessoas. Só esse dado e a tolerância que temos atualmente as mortes  já nos dá um exemplo de quanto mudamos no comportamento nos últimos 100 anos.

Se seguíssemos a mesma proporção para países como os USA e Brasil, teríamos algo entre um milhão e meio milhão respectivamente. O presidente norte-americano da época, Woodrow Wilson é considerado um dos melhores presidentes da história daquele país, enquanto Trump, se perder a reeleição será pelo seu desempenho medíocre no combate à epidemia, ou seja, nota-se um maior respeito a vida e responsabilização dos governantes.

Porém a gripe espanhola que ocorreu durante uma guerra que produziu milhões de mortes, fez com que junto com a censura de guerra essa mortal pandemia ficasse praticamente esquecida em poucos anos, sendo até denominada como a pandemia esquecida.

O mais interessante de tudo é que numa listagem de epidemias desde o ano 1200 AC até os das atuais é listado na Wikipedia em inglês (https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_epidemics) 281 epidemias no mundo, ou seja, um número razoável para entendermos o impacto das epidemias no comportamento humano, porém o mais interessante é que se olharmos nesta listagem vemos que há todo um interesse em saber a origem das epidemias e quando elas começaram. Entretanto informações de como e quando elas terminam praticamente inexistente, logo parece que o importante é descobrir a origem para nomear culpados dessas desgraças. Isso fica claro com a própria gripe espanhola que apesar de ter começado nos USA, levou o nome de espanhola!

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Por outro lado como termina as epidemias e quais os efeitos que ela deixa na sociedade da época não parece importante, como a negação das doenças fosse uma constante na história da humanidade.

Em resumo, epidemias são esquecidas rapidamente e o rastro de mortes e de problemas e revoltas sociais originadas dessas parece que não tem importância, como a história das epidemias são contadas somente a partir de seu começo e os historiadores nem se interessam em saber nem quando elas terminam e como se criam os “novos normais”.

 

FONTE:GGN
FOTO: REPRODUÇÃO

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