Nota técnica de engenheiros e técnicos que trabalham na estatal avalia efeitos da venda da empresa prevista pelo governo Bolsonaro
O governo de Jair Bolsonaro sabe que o preço da energia elétrica ao consumidor vai ficar mais caro, no mínimo 14%, nos próximos três anos, se for concretizada a privatização da Eletrobras. Este índice deverá ser muito maior dependendo das condições climáticas, já que as bandeiras das contas de luz variam de acordo com a seca e a chuva. A análise é da Associação de Engenheiros e Técnicos da Eletrobras (Aesel), que enviou uma nota técnica aos parlamentares com argumentos de como será prejudicial a privatização da Eletrobras.
Para chegar a esta conclusão os engenheiros estudaram o conteúdo da Medida Provisória (MP) nº 1.031, da privatização da Eletrobras. No texto o governo não diz qual o índice de reajuste que a conta de luz terá, mas prevê que o megawatt hora, hoje vendido pela estatal a R$ 61,00 em média, poderá chegar a R$ 155,00 no mercado livre.
Para a Aesel, esse valor é irreal, pois se baseia nos preços do ano passado, fortemente depreciados por causa da pandemia. A própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê que este ano o preço médio será de R$ 253,00/MWh.
“O próprio governo federal admite no texto da MP que vai pegar uma parte das usinas que hoje vendem energia por regimes de cotas, mais barata no Brasil, e vai jogar no mercado livre. Se adicionarmos a esta conta fatores imponderáveis como as questões climáticas, a falta de investimentos e a concentração de mercado que acontecerá com uma Eletrobras privatizada, o reajuste ao consumidor deverá ficar bem acima desses 14%”, diz o engenheiro elétrico e diretor da Aesel, Ikaro Chaves.
Ele explica que os 14% de reajuste nos próximos três anos são o que a Aesel calculou sobre o que pode comprovar matematicamente, mas a parte imponderável, que deve ocorrer, terá um impacto muito grande no preço da tarifa.
“Este ano a conta de luz vai subir em média 8% por causa da seca e as tarifas de bandeiras amarelas e vermelhas são mais caras. Por isso que é óbvio que essa previsão está abaixo do que se espera nos reajustes”, afirma Ikaro.
Fonte: Rede Brasil Atual
Foto: CC0 Domínio público