Pressão por volta às aulas sem segurança aumenta riscos à saúde mental de professores

12/04/21 | Lutas no Brasil

Mobilizados por condições de trabalho justas neste momento de pandemia, profissionais da educação denunciam “campanha para negligenciar” o trabalho da categoria

Os professores da rede pública de São Paulo protestam nesta quarta-feira (7), Dia Mundial da Saúde, em frente à prefeitura da capital paulista. O ato cobra investimentos na educação e na saúde pública, que estão entre as áreas mais afetadas na pandemia.

Há mais de 50 dias em greve por condições de trabalho justas, os profissionais da educação também reivindicam que o ensino continue sendo realizado de forma remota até que ocorra vacinação e testagem em massa. De acordo com a categoria, a insegurança causada pela pandemia, com perdas de amigos e familiares em decorrência do coronavírus, vem levando também a problemas psicológicos. Entre eles, a depressão e a síndrome do pânico.

O secretário geral do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Leandro Alves Oliveira, observa que, com a crise sanitária, o sofrimento psíquico foi agravado. “Já tínhamos estudos que mostravam o grave adoecimento de professores por falta de políticas públicas para amenizar esse problema”, afirma.

Adoecimento mental em massa

O risco à saúde mental já era uma preocupação desde o ano passado. A Plataforma de Apoio Psicológico para Profissionais da Educação mostrou que a pandemia estava associada ao surgimento de crises, principalmente entre as professoras mulheres negras, educadoras do ensino fundamental e moradoras de regiões periféricas.

O professor de educação física do ensino fundamental e médio Carlos Eduardo avalia que a situação se acentuou diante do que chama de “campanha” para “negligenciar todo o trabalho que tivemos durante esse período”. “Muitas vezes ouvimos as pessoas falarem que estamos em casa sem trabalhar. Na verdade, nosso trabalho aumentou à medida que foi instalado o ensino remoto. Atendemos crianças de manhã, à tarde, à noite, em finais de semana e feriados”, aponta.

“Professor desde o ano passado vem sendo massacrado psicologicamente. Por conta da pandemia, fomos colocados em um trabalho remoto com o qual poucos sabíamos como lidar. E cada vez que o governo ameaça um retorno às aulas presenciais, vemos um adoecimento em massa dos professores que se veem nessa situação de retornar a um local que não é seguro. Há muitos casos de depressão, síndrome do pânico, estamos passando por um período de muito estresse”, destaca Cadu.

A professora Sabrina Teixeira, representante do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Sinpeem) de São Paulo, ainda denuncia que o secretário municipal de Educação, Fernando Padula, vem cortando os salários dos profissionais que aderiram à greve. “Você imagina como está essa situação em plena pandemia. Muitos servidores são arrimos de família, mães solos, mais de 80% dos trabalhadores da educação são mulheres. (Estamos) tentando ajuda do ponto de vista psicológico e mental”, descreve a professora.

Confira a entrevista

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