Nota de Repúdio: Não ao exame toxicológico proposto aos professores/as de Fortaleza

23/02/21 | Lutas em Fortaleza

Educadores brasileiros repudiam o rumo tomado pela educação brasileira Basta de descaso, perseguição à comunidade escolar e destruição da escola pública Não ao exame toxicológico proposto aos professores/as de Fortaleza

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade representativa dos profissionais da educação básica do setor público brasileiro, expressa seu repúdio e sua imensa preocupação ao ataque deliberado à educação brasileira, seja por parte do Governo Federal, dos governos estaduais e municiais.

Mais uma afronta é a absurda propositura de Projeto de Lei, do vereador Inspetor Alberto, do PROS, que
estabelece a obrigatoriedade da realização de exame toxicológico de uso de drogas ilícitas em professores da rede pública municipal de Fortaleza. Destruição da educação pública, militarização das escolas, perseguição aos/às educadores/as, ameaças de censuraao livre exercício do magistério e fomento à mercantilização e privatização da educação pública são ações constantes do Governo Bolsonaro e de seus asseclas nas casas legislativas e nos poderes executivos de estados e municípios.

Esse rastro de ataque ganha agora na Câmara Municipal de Fortaleza a inaceitável proposição de realizar exame
toxicológico em professores/as. Educadores/as não podem ser tratados com suspeição, como se cidadãos autônomos e responsáveis não fossem. Os poderes constituídos, sejam quais forem, não tem o direito de invasão na vida privada de quem quer que seja. É inadmissível tratar educadores/as de forma a desqualifica-los/as e levantar suspeitas sobre suas condutas diante de estudantes e da comunidade escolar. Essa atitude expressa claramente uma perseguição aos/às professores/as que lutam por seus direitos políticos, sociais, trabalhistas e pelo exercício de sua profissão com liberdade de cátedra, dignidade, ética e compromisso com a democracia.

É estarrecedora a maneira como a educação e educadores/as têm sido tratados nesses tempos sombrios que
vivemos; tratamento esse que não deixa dúvidas sobre a afirmação de Darcy Ribeiro: “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. As entidades da sociedade civil que representam a educação brasileira, dentre eles a CNTE, comprometidas com uma educação pública, gratuita, laica e socialmente referenciada, não se renderão diante de ataques, desqualificações e suspeições, venham de onde vierem!

Convida-nos Paulo Freire, o Patrono da Educação Brasileira: “Pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis
e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o
convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.”

Não à perseguição! Não ao desrespeito! Abaixo proposições que vigiam, desacreditam, desmerecem a educação e
a comunidade escolar! Não aceitamos a proposta de exame toxicológico nos professores/as de Fortaleza. Haverá resistência

Brasília, 23 de fevereiro de 2021
Direção Executiva da CNTE

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