Cunhas, Richas e o caminhar para trás

18/05/15 | Lutas no Brasil

Enquanto continuar perdendo no Poder Legislativo quem a possa defender, a classe trabalhadora continuará gritando nas ruas aos ouvidos moucos, como ocorreu em todo o Brasil no último dia 1º de maio. Diante de nós, um Congresso Nacional eleito o “mais conservador desde o fim da Ditadura”. A conclusão é de estudo publicado no início do ano pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que acrescentou: são sérios os riscos de retrocessos em relação aos direitos civis e à legislação trabalhista. A classe sente na pele – pautas polêmicas e antidemocráticas seguem adiante, fragilizando o avanço da sociedade.

Conservadora quando o assunto é vida em sociedade, e atrasada em se tratando de Direitos Humanos, grande parte dos deputados e senadores parece brincar com direitos historicamente adquiridos, quando sorriem para projetos como Estatuto da Família, Estatuto do Desarmamento, Redução da Maioridade Penal e o asqueroso PL 4330. A este último, em especial, aponto meu profundo repúdio e tristeza ao perceber que, em pleno século XXI, a classe trabalhadora ainda tem de pautar a luta contra o retrocesso como uma de suas bandeiras. É como se nos quisessem transformar em curupiras caminhando para onde apontam os pés avessos.

Retrocesso, aliás, parece ser a palavra em curso também na esfera executiva. Abomináveis a ausência de diálogo e o uso da violência contra os professores do Paraná no último dia 29 de abril. A guerra dos livros contra as balas, o gás lacrimogêneo, os cães e os cassetetes não saem da cabeça de brasileiros e brasileiras. Cenas de trabalhadores da educação banhados em sangue e desespero, ao sabor da truculência de policiais a mando do próprio governo.

Pergunto: é esse o país que o trabalhador merece? Um Brasil que o presenteia com silêncio e truculência ao invés de diálogo e práticas democráticas? Quantos Eduardos Cunhas e Betos Richas ainda virão à tona para fazer renascer a fórceps uma sociedade retrógrada que não nos interessa mais? Que em 2016, trabalhadores e trabalhadoras cheguem ao seu Dia Internacional com mais motivos para comemorar.

Por Joana Almeida

Presidenta da CUT Ceará

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