Construir a greve geral para derrotar o golpe!

24/06/16 | Lutas no Brasil

A cada medida do governo usurpador de Michel Temer, fica claro que o golpe foi contra o povo brasileiro. Entrega da exploração do Pré-sal, pilhagem das empresas estatais,diminuição de órgão públicos e privatização de serviços, paralelamente a uma série de medidas que atacam os direitos do povo trabalhador, como o arrocho salarial e uma redução drástica no investimento em educação e saúde, são provas disso.

Como se não bastasse, o governo interino golpista fala ainda na suposta necessidade de uma nova reforma da Previdência, que visa aumentar a idade para a aposentadoria e, para dar legitimidade, busca envolver centrais sindicais no processo obscuro. A CUT, que combateu o golpe e não reconhece este governo, acertadamente, negou-se a participar da reunião em que a Farsa Sindical e a pelegada da UGT reuniram-se com o golpista Temer para mais esta trama contra a classe trabalhadora.

No entanto, importante parcela da população já se deu conta que será o próprio povo que pagará a conta da agenda do interino golpista. A afirmação do 1º vice-presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, deixa isso muito claro: “trabalhador não precisa de uma hora de almoço”, afirma. Ele ainda exemplifica que, nos Estados Unidos, é comum ver trabalhador comendo o sanduíche com a mão esquerda e operando a máquina com a direita.

O que os golpistas pretendem para o Brasil é o mesmo que Mauricio Macri tenta fazer na Argentina: reduzir direitos e salários e criminalizar os movimentos sociais. A Central dos Trabalhadores da Argentina – CTA, que enfrenta cotidianamente um presidente anti-povo, lamentou o ocorrido no nosso país: “é um ataque covarde à democracia do Brasil”. E lá só não avançaram mais contra os trabalhadores e o povo em geral por que há muita resistência e luta.

O que está claro é que vem ocorrendo uma ofensiva contra os direitos dos povos em todo o mundo, em particular contra os governos progressistas da América Latina. O Brasil, que teve importantes avanços nos últimos doze anos, pode ver liquidada as conquistas, caso este governo impostor não seja detido. E será justamente a força do povo trabalhador que os impedirá de passar.

Se Temer conta com o apoio da mídia golpista, dos frouxos ministros do STF, da maioria de picaretas do Congresso Nacional, o mesmo não se pode dizer das ruas, das universidades, das escolas, do campo e do chão das fábricas.

A resistência ao interino, desde que invadiu através de golpe o Palácio do Planalto, ocorre diariamente. São os artistas e produtores culturais que já impuseram uma importante derrota a Temer com a retomada do Ministério da Cultura. São os negros, os índios, as mulheres, os estudantes, os quilombolas, os atingidos por barragens, o campesinato e tantos outros segmentos que seguem em luta e não desistirão.

As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo têm dado uma demonstração de coesão e força. Têm demonstrado que não arredarão os pés das ruas enquanto a presidenta Dilma não regressar ao Palácio do Planalto e retomar o seu mandato para cumprir a agenda vencedora na eleição de 2014. Nela estão mais empregos e melhores salários, mais moradias e reforma agrária, mais financiamento à saúde e à educação, mais universidades, escolas e creches, mais serviços públicos e mais direitos para os cidadãos. Ao retomar seu mandato, Dilma precisa selar uma aliança com a maioria do povo, com os movimentos sociais, centrais sindicais e partidos progressistas; fazer o que precisa ser feito para seguir mudando. E entre o que há urgência em ser feito estão uma ref orma tributária que regulamente o imposto sobre grandes fortunas, que aumente a abrangência do IPVA para tributar jatinhos, helicópteros, lanchas e iates; o aumento de impostos sobre o patrimônio, heranças e doações; a revogação da isenção do imposto de renda sobre lucros e dividendos; a auditoria da dívida pública; uma reforma política rumo à soberania popular; a democratização da comunicação para enfrentar a mídia golpista. Dilma tem que fazer um novo governo, onde a garantia da governabilidade será expressa pela vontade da maioria do povo.

Mas para derrotar de fato o golpismo será necessária a ação direta da classe trabalhadora. É necessário impor uma violenta derrota ao capital, representado pelo ilegítimo governo Temer, financiado pelos banqueiros, por grandes sonegadores de impostos.

O que esta em jogo é o emprego de milhões de brasileiros, o poder de compra dos salários, os direitos que estão sendo questionados um a um. As ações deste governo atentam contra direitos consagrados: querem flexibilizar a CLT, querem que o negociado prevaleça sobre o legislado; querem diminuir a jornada de trabalho com a diminuição dos salários; querem a regulamentação da terceirização; a redução da idade mínima para entrada no mercado de trabalho; o fim da indexação do salário mínimo e da estabilidade para o funcionalismo público. Querem o fim das correções das aposentadorias; querem o direito de negociar diretamente com o empregado, dispensando o sindicato. Querem isso e muito mais.

Aos trabalhadores e trabalhadoras, cabe a resistência. Daí a importância da CUT organizar e convocar uma vitoriosa greve geral. O primeiro passo já foi dado com a decisão de sua diretoria executiva nacional, que em 24 de maio adotou uma resolução reafirmando o não reconhecimento do ilegítimo governo de Michel Temer. A CUT Nacional ainda orienta suas estaduais a realizarem plenárias. Já os sindicatos de base devem convocar assembleias para tratar do tema. Uma nova reunião ampliada da direção nacional já esta definida para primeira quinzena de julho, quando serão definidos detalhes sobre a greve geral.

Continuar a resistência, organizar a luta e derrotar os golpistas.

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Escrito por: Ismael José Cesar – Diretor Executivo Nacional da CUT

Fonte: CUT Brasil

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