CNTE debate estratégias de enfrentamento à privatização da educação durante seminário internacional

25/09/15 | Lutas no Brasil

Durante a programação do seminário “Os diferentes modos de privatização da educação no mundo e as estratégias globais e locais de enfrentamento”, os pesquisadores Sam Saller, da Universidade de Queensland, Austrália, e Antonio Olmedo, da Universidade de Roehampton, Reino Unido, fizeram suas exposições. Ambos participam da pesquisa sobre Privatização e Mercantilização da Educação que a Internacional da Educação (IE) está realizando em âmbito mundial, na qual a CNTE está engajada.

Em sua palestra, Saller falou sobre a padronização que ocorre nas provas Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e sobre a multinacional Pearson, fazendo uma análise de como esses atores interferem no desenvolvimento de políticas públicas para a educação. O pesquisador acredita que é muito importante que os educadores se apropriem das infraestruturas de dados e produzam um sistema baseado no seu conhecimento, ao invés de usar o que é produzido pelas corporações e desafiou os sindicatos a barrarem a desumanização da educação transpondo a visão de lucro que estes grandes grupos tentam impor. “Precisamos nos empenhar para encontrar novas formas de mapear e trazer para nosso campo o poder logístico dessas ferramentas que estão distantes das instâncias democráticas”, disse.

A professora Fátima Silva, Secretária de Relações Internacionais da CNTE e vice-presidenta da IEAL (Internacional da Educação para América Latina), coordenou mesa com a participação de Antonio Olmedo, Madalena Guasco Peixoto, doutora em Educação, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP e coordenadora-geral da CONTEE e Celso Napolitano, mestre em Administração de Empresas pela EAESP/FGV, professor do Departamento de Informática e Métodos Quantitativos da FGV em São Paulo, professor dos cursos de pós-graduação das Faculdades Antônio Eufrásio de Toledo em Presidente Prudente (SP) e presidente da Fepesp e do Diap.

Com um olhar mais específico na experiência do Reino Unido, Antonio Olmedo analisou a atuação dos grandes grupos empresariais que impõe suas formas de treinamento e avaliação, contribuindo para a precarização da qualidade do ensino e da atividade docente. Abordou ainda as formas de pressão que estes exercem para interferir na agenda política dos países, praticamente coagindo as instâncias governamentais a reconhecê-los como soluções viáveis frente aos desafios educacionais. “Buscar uma solução meramente legislativa não é o bastante. Temos que pensar outras soluções pois o neoliberalismo é como um camaleão e por mais regulado que seja o setor, como é no Reino Unido, por exemplo, ele se modifica, se transforma e encontra novas maneiras de se instalar”, ponderou.

Os trabalhos do seminário foram encerrados com uma mesa reunindo CNTE, CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) e PROIFES-Federação (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico), para apresentação das estratégias locais de enfrentamento à privatização e mercantilização. O professor Gilmar Soares Ferreira, Secretário de Formação da CNTE, expôs as ações da entidade e apresentou as duas linhas de pesquisa que irão subsidiar a Confederação na formulação de suas ações. “O capital financeiro busca formas de ampliar seus lucros através da apropriação dos recursos públicos, e iremos nos posicionar e promover ações para impedir o avanço dos interesses privatistas” lembrou Gilmar. Ele também avaliou a participação dos delegados e delegadas presentes no seminário: “A CNTE sai fortalecida e ainda mais consciente da grande luta a ser travada para assegurar uma escola púbica gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.”

Fonte: CNTE Brasil

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