A vingança da oligarquia escravocrata nordestina

24/05/16 | Lutas no Brasil

Os golpistas querem varrer a história brasileira. Transformar a realidade em lixo. É um caso clássico de ‘vendetta’ histórica.

O golpe ocorrido no Brasil é uma vingança contra o povo nordestino, que durante mais de uma década apoiou os governos progressistas. Seis ministros do governante de plantão fazem parte da oligarquia: Henrique Alves (Turismo), José Mendonça Filho (Educação), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), José Sarney (Ambiente), Bruno Araújo (Integração) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). E, por último, o líder da maioria: André Moura, do PSC, de Sergipe. Primeiro detalhe: são três pernambucanos: Mendonça, Fernando Coelho e Bruno Araújo. Casualmente Pernambuco é a terra de Lula. Os golpistas querem varrer a história brasileira. Transformar a realidade em lixo. É um caso clássico de “vendetta” histórica.

Sou descendente de italianos, a família Tubino, originária de Genova, chegou ao Rio Grande do Sul em 1824. É uma família tradicional, com brasão e tudo – o logotipo, como costumo dizer, é um Pegasus, o cavalo alado grego. Portanto, nunca me assustei com famílias ditas tradicionais do Brasil, herdeiras dos títulos de nobreza dos traficantes de escravos. E, por duas décadas, convivi com a aristocracia rural brasileira.

Família Sarney na beira da falência

Porém, as representantes desses clãs familiares nordestinos não tem nada de sangue azul. No caso de Geddel Vieira Lima e seu irmão Lúcio-, baianos, não passam de oportunistas de décima quinta categoria. Em 2001, o chefe do clã dos Magalhães, Antônio Carlos, conhecido como Toninho Malvadeza, denunciou Geddel por ter comprado de uma só vez 12 fazendas na Bahia e seis apartamentos em Brasília. Um dos envolvidos na CPI dos Anões do Orçamento, Geddel chorou ao depor. Lágrimas de crocodilo. Na verdade são fazendinhas, desculpem a arrogância, mas sou especializado em pecuária e vivi 13 anos no cerrado, e as ditas fazendas não passam de sitiozinhos de terceira.

O caso clássico de oligarca chama-se José Sarney, hoje um clã na beira da falência, depois que o governador Flávio Dino, do PC do B assumiu o poder. A condição básica para estes poderosos prosperarem é o roubo do dinheiro público e a facilidade dos cargos em fazer negócios com a iniciativa privada. Fora do poder são candidatos a mendigos. A família Sarney é dona da TV Globo Maranhão – são quatro emissoras -, o jornal “O Estado do Maranhão” e mais 14 emissoras de rádio. A sede do clã é uma mansão colônia de 20 mil metros quadrados. Também pertence ao clã, em mais de 50 anos de domínio político, a Ilha do Curupu, uma reserva ambiental privada de 2.500 hectares, próxima à capital São Luis. E compõem o patrimônio familiar duas mansões em Brasília, um apartamento no Leblon e uma casa em Búzios. Tudo avaliado em R$125 milhões pela prestigiada revista VEJA, em 2002.

Família Mendonça adora recursos públicos

O Ministro de Educação, José Mendonça Filho é o sucessor do deputado federal José Mendonça, morto em 2011, antigo colaborador da ditadura. É o que registra o pesquisador da Universidade Estadual da Paraíba, José Adilson Filho, em um artigo para a Revista Raízes, de 2013, intitulado “Família, Tradição e Poder na Modernidade Brasileira: o caso das famílias Mendonça e Moura, na cidade de Belo Jardim – PE”:

“- Nos anos 1980 e 1990 os interesses políticos e econômicos do clã atuaram como empresários nos setores de pecuária, suinocultura e de avicultura na região do agreste pernambucano em empresas como a Belasa, Pecasa e Suibasa, representando o braço econômico. Mas parte de seus investimentos foi direcionada ao setor imobiliário como atestam a construção de um hotel e de um condomínio”.

Outro trecho do trabalho do pesquisado José Adilson Filho:

“- Sendo que a maior parte dos recursos que financiava tais empreendimentos advinha de organismos estatais como o FINOR, a SUDENE e o BNDES, ou seja, das conexões e influências que o líder do grupo, o então deputado José Mendonça (falecido em 2011) mantinha com figuras de peso na política estadual como Marco Maciel, Moujra Cavalcanti, Nilo Coelho ou de militares de alta patente e alguns executivos instalados na burocracia federal”.

Briga de mafiosos em Sergipe

Porém, nada mais é significativo e exemplar da administração do governante de plantão – definido como mordomo de filme de terror por Toninho Malvadeza- do que o recém eleito líder da maioria: André Moura, nascido André Luiz Dantas Ferreira, ex-prefeito de Pirambu (SE) e incriminado em três inquéritos no STF. O sucessor de Moura, Juarez Batista dos Santos denunciou o colega, pouco depois de assumir a administração municipal, porque o elemento continuava a usar os bens da prefeitura como carros, comida e celulares, como se ainda estivesse no cargo. Além disso, Juarez nomeou a mulher do meliante, Lara Adriana Moura, como funcionária fantasma. E pagava uma pensão entre R$30 e 50 mil para Moura.

Em 2006, o meliante alçou voos maiores e se elegeu deputado estadual. E exigiu de Juarez uma contribuição de R$1 milhão. O então prefeito se recusou a pagar. Então quatro homens encapuçados foram à casa de Juarez e se defrontaram com o capanga-vigilante. Resultou que o jagunço de Juarez saiu baleado. O inquérito está no STF há dois anos. Por uma coincidência divina, o ministro Gilmar Mendes, que é o relator dos inquéritos de Moura prorrogou por 60 DIAS as investigações sobre o caso. E quando foi que Gilmar decidiu isso: no dia 12 de ABRIL de 2016, cinco dias antes da votação na Câmara Federal da abertura do processo contra Dilma Rousseff.

A história da oligarquia escravocrata nordestina é longa e decidi dividir em duas etapas. Por ora ficam registradas apenas as histórias de Mendonçinha, Sarneyzinho e os irmãos da direita obesa baiana Geddel e Lúcio. Na continuação novas informações sobre Henriquinho, Fernandinho e Bruninho, como são tratados em seus estados os representantes da última geração dos escravocratas.

Fonte: Carta Maior

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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